Caixa de Pesquisa

terça-feira, 12 de abril de 2011

Entrevista com o ex-tenista Fernando Meligeni !


Fernando Meligeni foi um dos maiores tenistas do Brasil, seu melhor ranking foi o posto de 25º do mundo. Em termos de resultados, está apenas atrás de Gustavo Kuerten.
Fininho, como é conhecido, conquistou três títulos de nível ATP. Foi quarto lugar na Olimpíadas de 1996 em Atlanta e fez semifinal em Roland Garros , um dos quatro maiores torneios de tênis, em 1999. Neste mesmo ano, Fino derrotou um dos maiores tenistas de todos os tempos, o americano Pete Sampras. Em sua última partida da carreira, Fininho foi campeão dos Jogos Pan Americanos de Santo Domingo vencendo o chileno Marcelo Rios, ex nº1 do mundo. Para quem tiver a oportunidade de um dia trocar uma idéia com ele, perceberá que Fino não é um exemplo só como atleta, mas também como pessoa.
Desde já deixo meus agradecimentos ao Fino por ter aceitado ceder esta entrevista. Obrigado Fininho !
Entrevista feita por Marcelo Bechara Frange.


1-“ Fernando, se você não tem mais pernas, vença com o coração.” Esta frase foi dita pelo seu preparador físico no 1º torneio valendo dinheiro que você disputou com apenas 15 anos. Pode-se dizer que esta frase resume o que foi sua carreira? Sempre batalhador, dando 100% em todas as partidas.

Fernando Meligeni: Com certeza, aprendi isso pequeno e percebi que temos que lutar sempre pelos nossos objetivos. Ninguém te dá nada de graça nesta vida e só com a técnica não ganhamos.

2- E você deve saber que essa frase tem um grande peso de influência em todos os atletas, sejam profissionais ou de final de semana. Eu mesmo sou um deles.

FM: Fico feliz de saber que de alguma maneira, eu posso ajudar ou motivar as pessoas. Não penso nisso mas me deixa muito feliz.

3- Aos 18 anos de idade, você era o número 3 do mundo do ranking juvenil. Sentiu pressão no delicado momento de transição do juvenil para o profissional?

FM: Com certeza , foi o momento mais complicado para mim. Cheguei a ser número 1 do mundo juvenil e na semana seguinte eu não era ninguém no profissional e tomava porrada toda semana. Tive sorte de ter um grande técnico que me ajudou muito nessa época, Daniel Mussacchio.

4- Em 1999, você alcançou a semifinal de Roland Garros. Quadra central lotada, o mundo do tênis grudado em você e no seu adversário. Como é a preparação para uma partida desta importância ? O que passa na cabeça de um jogador quando se chega a jogos decisivos em Grand Slam ?

FM: Acho que você vai se preparando para isso. Começa jogando para ninguém, depois começa a jogar para 10 pessoas, 100,1000 e um dia ,se estiver jogando bem, joga na Central de Roland Garros para 15.000 tendo que fazer bonito.

5- Nas suas derrotas mais doloridas, estão as semifinais das Olimpíadas em 1996 e em Roland Garros 1999. Se pudesse escolher uma dessas para jogar novamente e mudar o resultado. Qual escolheria ?

FM: A das Olimpíadas sem dúvida nenhuma. Na outra, teria mais dinheiro no bolso mas eu queria demais uma medalha olímpica. Escapou por pouco.

6- Fino, com certeza você é um dos jogadores que mais ama a Copa Davis. Qual a sensação de representar o Brasil na maior competição entre países do tênis ?

FM: Copa Davis é tudo, cara. Não é querer se promover, querer dar uma de patriota. O astral é único. A pressão é gigante e você representa o país. Eu vivi momentos incríveis na Davis. É uma das coisas mais legais de ser tenista.

7- Recentemente, o brasileiro Thomaz Bellucci fez uma bela campanha no importante torneio de Acapulco e venceu o numero 9º do mundo, Fernando Verdasco. Sei que é cedo, mas como você avalia esse começo de trabalho da dupla Bellucci & Larri Passos ? Até onde acha que Thomaz pode chegar ?

FM: Difícil dizer, só o tempo vai mostrar se o Thomaz vai conseguir assimilar o que o Larri quer. Não porque um técnico é bom que o atleta se dá bem com ele. Espero que eles se entendam. É importante isso. Melhor esperar para dizer se deu ou não deu certo.

8- A Suécia possui apenas 1 jogador entre os 100 melhores, Rússia com 4, a atual campeã da Copa Davis,a Sérvia também conta com apenas 3 jogadores entre o 100 do ranking e o Brasil, atualmente, conta com 3. Como você avalia o atual momento do tênis brasileiro ? Enxerga um futuro promissor ?

FM: Acho que estamos como sempre tivemos. Tirando a época em que o Guga foi número 1 do mundo, sempre tivemos 2 ou 3 entre os 100 e 1 entre os 50 melhores do mundo. Hoje existe mais dinheiro na base e mais dinheiro na Federação. Espero que seja muito bem usado e que tenhamos resultados logo.

9– Além da semi em Roland Garros, em 1999 você também venceu um dos ou o maior atleta de todos os tempos, o americano Pete Sampras. Tem como explicar o que passava na sua cabeça logo após a histórica vitória?

FM: Pete Sampras foi o cara que todos sonhavam vencer. Ele era, foi e continua sendo um mito do tênis. Ganhara dele em qualquer quadra ou situação é uma demonstração de que o cara que jogava contra ele sabia o que estava fazendo. Você se sente nas nuvens depois de vitórias assim. Pena que dura pouco e no dia seguinte se você bobear toma uma porrada e volta pra realidade.

10 – No seu livro, você afirma que faz parte daqueles 1% que conheceram Gustavo Kuerten antes dele virar um fenômeno. Conte-nos um pouco da sua relação com ele dentro e fora das quadras, já que ganharam 5 títulos de duplas juntos.

FM: Ele era e é um cara legal. Muito na boa. Fazem uma idéia de que, porque o cara é o fenômeno, ele tem que ser diferente. Ele é bagunceiro, brincalhão e gosta das coisas boas da vida. Nós convivemos muito e demos boas risadas.

11- Por que o tênis ainda não consegue atrair tantos patrocinadores no Brasil ?

FM: Não vejo culpa dos patrocinadores. Você tem que entregar mais que pede, mais que promete e mostrar que o tênis é rentável. Temos boas promotoras que tem seus bons promotores, mas temos muitos cabeças de bagre que não entregam o que prometem. Por isso, muitos patrocinadores fogem.

12 - O que esperar do governo Dilma em relação ao esporte ?

FM: Que ela faça, que ela perceba a importância e o dever dela em fazer o esporte acontecer. O partido dela assumiu uma responsabilidade enorme com o país e o mundo que vai fazer Copa do Mundo e Olimpíada. Ela tem que ajudar e mostrar ao mundo que o Brasil é capaz de fazer.

13- Quais suas expectativas sobre as Olimpíadas de 2016 em relação aos bastidores e qual, você acha, que será a influência do presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, nessa questão?

FM: Espero que seja legal. Tenho medo que só pense na estrutura, nos locais e se esqueça de que quem faz acontecer é o esportista. Não vejo uma política séria para o desenvolvimento de atletas. Da maneira que se faz hoje, não teremos bons resultados no Rio.

14- O COB pretende construir um complexo de 16 quadras para as Olimpíadas, sendo a quadra central com capacidade para 10.000 espectadores. Se bem executado, acredita que , por conta desse novo complexo, o Brasil seria capaz de sediar um ATP 500 ou até mesmo, quem sabe, um Master 1000 ?

FM: Primeira coisa importante é que este complexo fique depois da Olimpíada. Não adianta montar e logo em seguida destruir, como se fez no Pan.

15- Se Federer e Nadal jogassem na sua época enfrentando grandes campeões como Pete Sampras, André Agassi, Guga, Kafelnikov, Rafter entre outros, acredita que eles conquistariam tantos Grand Slam que nem hoje ?

FM: Não. Sem dúvida nenhuma eles teriam muito mais dificuldade.


Relevante: hoje, 12 de Abril, é aniversário do Fininho ! Parabéns Fino ! Muitos anos de vida, saúde, sucesso ( mais do que já tem) e que você continue sendo este exemplo de atleta e pessoa. O Brasil se orgulha de ter pessoas como você ! Parabéns !!


ps: esta entrevista também foi publicada no jornal da faculdade ESPM.

2 comentários:

  1. parabéns pela entrevista Celo....a próxima tem q ser com o Guga....abraços...rotanabi

    ResponderExcluir